Dendê dobra de preço e baianas enfrentam dificuldades
18/08/2020 10:10 em Notícias

Fonte:noticiapreta.com.br

O balde do azeite de dendê, de 16 litros, passou de R$ 60 para R$ 120 em Salvador

Baianas já sofrem com a pandemia. Foto: Antonello Veneri/Elpaís

Utilizado nos principais pratos da culinária baiana, o azeite de dendê aumentou 100% no mês de agosto. As baianas, que já sentem o impacto da pandemia, reclamam do aumento que pode tornar inviável o ofício. A Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares (Abam) informa que apenas Salvador são em cerca de 4 mil baianas e que 80% dependem unicamente da renda proveniente do trabalho no tabuleiro.

O aumento no valor do óleo de dendê acontece pela Bahia, que é o segundo maior produtor do país, ter apresentado queda na produção esperada para este ano. Na Costa do Dendê, ao sul da Bahia, estão a maior parte das famílias que seguem trabalhando com os dendezeiros, no entanto a falta de incentivo, faz com que os produtores percam o interesse no plantio ou direcionem as vendas para as indústrias de biodiesel. O que vem causando a crise do dendê no segmento alimentício. De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Nazaré, interior baiano, afirma que a produção de dendê caiu 37% nos últimos 3

A pandemia e o isolamento social fez com que as baianas não colocassem o tabuleiro nas ruas de Salvador durante cerca de 3 meses, com a retomada aos poucos das atividades, as baianas puderam voltar ao trabalho. No entanto, o isolamento social e a crise econômica causarem redução nas vendas. Para a presidente da Abam, Rita Maria Ventura dos Santos, o aumento vai prejudicar ainda mais as baianas.

“O balde de azeite que era de R$ 64 há 4 meses, agora está R$ 120, R$ 130. Fui procurar saber o motivo do aumento e me passaram que a safra desse ano não foi a que era esperada ficou abaixo. Com isso, a Bahia vai ter que exportar dendê de Belém do Pará e quando exporta o valor fica ainda mais alto. Com a pandemia as baianas não têm como repassar os valores para os clientes. E se os clientes também, em sua maioria, estão desempregados e sem dinheiro, como elas vão repassar? Está muito difícil. São quase 4 mil baianas em Salvador e só 630 estão no cadastro da prefeitura para o auxílio emergencial [do município] de R$ 270”, afirma Rita Maria.

A decisão tomada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na última quinta-feira (13) pode causar a redução da crise. A mistura de biodiesel no diesel passará de 12% para 10% o que pode contribuir para amenizar a falta de dendê para a culinária.

O jornalismo do Notícia Preta tentou contato com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, do governo da Bahia, para falar sobre o investimento e apoio na produção estadual de dendê, mas não obtivemos respostas até o fechamento dessa matéria.

 

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